.

.

Riqueza dos povos indígenas

Mariana Fonseca

Um dos mistérios sobre a floresta amazônica são os povos que habitam a região. A floresta é um dos poucos lugares da Terra em que existem tribos que preservam culturas primitivas, com costumes e linguagens próprias, que sobreviveram por milhares de anos.

Apesar da instabilidade do clima pesado, com muitas chuvas e alta umidade, já foram encontrados registros de povos pré-colombianos datados de 10 mil a.C. Antropólogos acreditam que ainda existam tribos desconhecidas, vivendo em regiões inacessíveis. Há até mesmo, povos bastante desenvolvidos com trabalhos elaborados em cerâmica e grande organização social.

No Brasil, a Amazônia compreende os estados do Amazonas, Acre, Amapá, oeste do Maranhão, Mato Grosso, Rodnônia, Pará, Roraima e Tocantins. De acordo com Walter Andrade Parreira, professor do curso de psicologia da Universidade FUMEC e autor do livro "Tawé - Nação munduruku, Uma Aventura na Amazônia"a a floresta já abrigou cerca de 6 milhões de índios, distribuídos em 1,2 mil povos. "Atualmente são 220 povos indígenas e cerca de 700 mil ínidios. Já houve mais de mil línguas, hoje são 180", lamenta.

Curioso sobre a região e encatado por seus mistérios, o professor e sua mulher resolveram há alguns anos ver de perto as belezas do lugar. Acabaram vivendo uma aventura de cerca de dois meses na região, com direito a conviver com a tribo dos índios mundurucu e a remar nas águas do Rio Amazonas, o maior rio do Mundo.

O autor explica que os mundurucus são uma população de cerca de 10 mil índios que vivem do norte do Mato Grosso ao Sul do pará e a leste do Amazonas. Com premissão do pajé da tribo, Tawé, Walter conheceu os costumes locais e se encantou com os curumins, as crianças indígenas. "Nos dias que estive por lá, não vi nenhum criança choera. Os índios têm muito respeito pelos pequenos", ressalta.

CARINHO - Ele conta que as mãe, até que as crianças completem um ano, usam uma tipóia de casca de árvore maleável em volta do corpo: "Os bebês ficam ali em contato com o corpo da mãe, acompanhando os batimentos cardíacos dela e se alimentando do leite a qualquer hora que desejarem. COmo psicólogo sei a importância desse contato para as crianças."

Outras atirudes que encantaram o olhar urbano de Walter foram as crianças de 2 anos que descascavam mandiocas com as mãos, ajudando as mães. Além disso, a turma mais velha, de 7 e 8 anos, desde cedo entrava no rico com arco e flecha para aprender a pescar. "Eles brincam e se divertem com tudo. Até no fim do dia, quando os pais chegam com a comida, os curumins param tudo para ajudar a descarregar as canoas."

Os valores da sociedade como a divisão de todos os bens de forma igual são aprendidos desde o nascimento. "Eles não usam os pronomes possessivos meu e seu", diz o autor. "Tudo é do grupo e para o grupo. Lembro de uma história de um índio que viveu algum tempo na cidade grande e que, quando voltou, começou a pescar e comer o que conseguia sozinho. Todo mundo estranhava a atitude dele."

(Estado de Minas / Gurilândia - Belo Horizonte, MG - 10/06/06)

.


Todos os Direitos Reservados © Walter Andrade Parreira
.